segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Garrafa

Estou parada na maior avenida do Brasil
às 5 da tarde
lembrando que eles
me disseram que eu poderia
ser quem eu quisesse,
apesar de eu não ter controle
sobre nada na minha rotina,
a começar pelo horário que meu despertador
toca.
Estou parada na maior avenida do Brasil
às 5 da tarde.
Mais que os carros,
estão congestionadas as vontades.
Esta expectativa inútil de realizá-las
me sufoca enquanto
espero por um sinal que nunca ficará
verde.
Estou parada no meio de um engarrafamento
de sonhos
na maior avenida do país
sob o sol das 5 da tarde
tentando convencer a mim mesma
de que toda essa bosta
não é tão difícil
e mortificante
quanto parece.