segunda-feira, 4 de julho de 2011

"É isto, então

é o mesmo que antes
ou que da outra vez
ou da vez anterior à essa."
Eu fico aqui sentada
com uma cara enorme de
palhaça
maquiada
olhando pra uma tela colorida
de computador,
com um termômetro embaixo do braço,
e só o que tenho
são os graus que indicam uma febre
e aquele gosto maldito e familiar
de decepção.
Penso que nós, mulheres,
viemos mesmo
dos palhaços.
A habilidade em contar piadas,
o polegar opositor,
o gosto pela pintura na cara
e a boca muito vermelha
são só resíduos.
O que fode tudo, mesmo,
é a gradíssima facilidade
em sermos feitas de trouxa.
E a normalidade
com que encaramos isso.
Lá fora, o abatedouro
continua funcionando.
Ouço as risadas
da vida universitária
daqui de cima.
Sigo esvaziando maços,
à espera
do toque no celular.
Eu espero que a vida em comum
reserve menos
do que isto.

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