sexta-feira, 4 de março de 2011

Janela

Eu estava deitado, com os braços atrás da nuca. Ela levantou da cama, acendeu um cigarro e abriu uma fresta de janela. Já tinha amanhecido.
As pontas dos cabelo iam de um lado pro outro com o vento encanado que entrava e refletiam a luz do sol, que já brihava com toda a força.
- Tem um mundo lá fora, sabia? A gente aqui, isolado, prestes a dormir. E lá fora as pessoas estão acordadas, cuidando de suas obrigações. Só que aqui dentro tudo tem muito mais vida. Não acha?
A luz que entrava pela fresta era mais branca que o pijama dela e dava a todo o quarto um quê angelical. Virei pro lado e com um sorriso, pedi:
- Descreve pra mim.
- Tem um velhinho andando devagar. Tem uma moto passando, e ela parou no sinal vermelho. Uma mulher passeando com o cachorro acabou de atravessar a rua. Tem outra moça descendo a ladeira com um carrinho de feira.
Ela olhou pra mim, fechou a fresta de janela e chegou mais perto. Dei lugar na cama pra ela. O sol não entrava mais no quarto mas eu ainda via o corpo dela muito iluminado. O rosto, o cabelo, as mãos, o colo. O pijama muito branco.
Ela chegou bem perto de mim e me beijou na boca.
O quarto não estava mais escuro e toda aquela luz, bem...aquela luz eu tinha certeza que saía dela.

Nenhum comentário:

Postar um comentário