Meus poemas não são declarações.
Não são atos políticos.
Não são atos de amor.
Meus poemas são palavras
das quais fico grávida e
depois de longa gestação interior,
coloco, dolorosamente, no mundo.
Meus poemas são pássaros.
Alguns com a asa quebrada,
outros com a perna ferida.
Cuido deles como filhos,
mantenho-os num ambiente recluso,
até que estejam preparados
para voar e me abandonar de vez.
Meus poemas são companhia.
Meus poemas amadurecem e,
como adolescentes,
abandonam, cruelmente,
a casa maternal.
Meus poemas são amigos
que eu seguro furiosamente comigo
até que se tranformem em força
e sejam incontroláveis.
Não me recriminem, pois,
pela relutância em escrevê-los.
Faço-o assim porque não os quero livres.
Faço-o assim porque não quero a solidão.
Não agora.
Nenhum comentário:
Postar um comentário