quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Conclusões

Conclusões. Ah, as conclusões...
As conclusões que eu tiro ou deixo de tirar sobre fatos são problema meu.
Conclusões são perigosas. Conclusões matam correntes de pensamentos. Conclusões nunca são satisfatórias, nunca são esclarecedoras, nunca vêm na hora certa. Li em algum lugar que quem pergunta algo muda até receber a resposta, e a pessoa para quem a pergunta foi feita muda no decorrer do tempo entre a colocação da dúvida e a emissão de um parecer. Algo baseado no rio maldito de Heráclito.
Desse modo, fatos são obtusos. Demonstrações não são nada além de atitudes confusas filtradas por uma imensa barreira entre o pensar e o agir. Conclusões são extremamente traiçoeiras e eu ainda teimo em levar tudo a ferro e fogo.
Certezas são, de um certo modo, viciantes. Convicções são cancerigenamente seguras. Uma situação, mesmo que imaginária e negativa, é melhor do que a incerteza de que as coisas sejam mais brilhantes. Sou viciada em realidades extremistas e mais viciada ainda em tirar conclusões errôneas de tudo que vejo. Se isso é negativo? Bem...
As conclusões que eu tiro ou deixo de tirar sobre fatos são problema meu.
E de mais ninguém.
Olho pra janela do prédio onde trabalho e vejo as pessoas andando apressadas pela Paulista.
A primeira refeição sólida que fiz depois de alguns dias continua embolada na minha garganta.
Acho que tô digerindo outra coisa, uma coisa muito maior, um bolo alimentar imenso que eu me forcei a engolir sem motivo definido.
Com um suspiro fundo, volto ao trabalho.
Antes não tivesse comido.
Antes não tivesse nada no estômago.
Antes não tivesse nada no coração.

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