sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Werther

Ponderei e cheguei à conclusão de que existem basicamente dois tipos de pessoa no mundo. Existem Werthers e existem Charlottes. Independente do sexo.
Se eu sou Werther, e você é Werther, não podemos ficar juntos por muito tempo. Werthers terminam amando Charlottes, não importando as circunstâncias.
Se você é Werther, procura em mim a leveza dos que não amam. Procura em mim a vida dos extrovertidos. Procura em mim a estabilidade risonha (por vezes, falsa) das pessoas comuns.
Se eu sou Werther e você é Charlotte, meu amor tem razão de ser, mas isso não significa necessariamente algo bom.
Werthers são solitários na essência. Começam sozinhos e terminam sozinhos, não têm nada além do amor e do mundo construído na cabeça deles.
Se eu sou Werther e você não é, estamos muito, mas muito mais distantes do que eu gostaria.
Charlottes brilham em vida, Werthers brilham em morte. Você exala vida por todos os poros, e a mim só resta chegar o mais perto possível e absorver o máximo dessa vida enquanto o destino permitir.
Claro que não existiria livro sem Werther e existiria sem Charlotte, mas isso não me consola. A essência da vida é tentadora, mas é só combustível. O comburente sou eu.
É difícil esperar a dor pra brilhar. É difícil sofrer pra cumprir um papel. Às vezes queria ser diferente, queria não agonizar, queria não me fundir em estrela pelo resto dos tempos.
Mas aí eu não seria Werther, nem você minha Charlotte.
A história do amor precisa ser escrita. A história do mundo precisa continuar em sua sentimentalidade boba.
Temos um papel a cumprir, você e eu.
Começamos agora?

Um comentário:

  1. Giovanna... Que coisa linda!

    "Charlottes brilham em vida. Werthers brilham em morte."

    Demais! Parabéns pelo texto.

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