terça-feira, 30 de novembro de 2010

Super-herói

Senta, amigo,
que o "S" no meu peito
está gasto,
está puído.
Senta, amigo,
que o bar está só abrindo
e a lua acabou de sair.
Senta, amigo,
que a visão de raio x
não me ajuda em nada,
que sentimentos são invisíveis
e eu não consigui achar nenhum.
Senta, amigo,
que esse maço tá só no começo
que tem uma garrafa cheia na mesa
que eu planejo estragar muito
esse meu corpo de aço
essa noite.
Senta, amigo,
que eu desviei de bala, arpão,
faca, granada e canhão
e não consegui sequer
desviar o olhar do dela.
Senta, amigo,
que de todas as armas da vida
só me atingiu uma
arma-amor, amor-ferida,
ferida-buraco,
que não fecha nunca.
Senta, amigo,
que de nada vale a luta,
que é inútil essa vida fajuta,
nesse mundo belo e filho da puta.
Senta, amigo,
que de tudo que eu salvei
não sobrou um bem-me-quer
não sobrou aquela mulher,
que de "S", só tenho o sozinho.
Senta, amigo,
que de super, não tenho nada
só a super solidão infinita,
só a super solidão insondada.

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